Friday, December 03, 2010

Caso 87


Foi em Setembro que se conheceram! Ela trazia nos olhos a luz de Maio, nas mãos o calor de Agosto e um sorriso tão grande que não cabia no tempo.
Ele disse-lhe: “ Ouve, vamos ver o mar...”
Foram o 30 de Fevereiro de um ano por inventar, falam coisas tão loucas e acabaram em silêncio, por unir as suas bocas e ele aprendeu a amar. Ainda o relógio marcava dezassete anos!
Mas amou-a como ninguém tinha amado antes. Quis dar-lhe o sol, quis oferecer-lhe as estrelas, mas como lhe faltou o talento ofereceu-lhe um anel, muitas flores, um lingerie sensual comprada nos chineses e um iphone 4, este, com dinheiro que desviou da carteira da mãe.
Foi em Novembro que ela partiu, levou nos olhos as chuvas de Março e nas mãos o mês frio de Janeiro
Lembro-me que ele lhe disse que o seu corpo tremia, mas ele, que queria ser forte, respondeu que tinha frio, falou-lhe do vento norte. Não lhe disse adeus, quem sabe talvez um dia...
Como ele tremia meu Deus! Amou como nunca amou! E nessa noite pela primeira vez na sua vida embebedou-se e acordou num motel com Jeremias, depois de ter comprado ao dono do bar um computador portátil para ir actualizar o Facebook! O dono do bar, um sensual invisual!
Foi louco? Não sei, talvez! Mas por pouco, muito pouco, ele voltaria a ser louco e amá-la-ia outra vez, mesmo sabendo que ela estava dependente da cocaína e roubava-o, tendo mesmo chegado a agredi-lo!
Sim eu sei que tudo são recordações, sim eu sei é triste viver de ilusões, mas esta foi a mais linda história de amor que um dia aconteceu e recordar é viver, ainda que uma Directiva comunitária tenha proibido o casamento antes dos vinte anos, para diminuir a taxa de infidelidade entre os estudantes do ensino superior, porquanto, há a tradição destes alunos beberem demasiado às quintas-feiras e depois perderem a noção do que fazem e com quem fazem!
Sim eu sei que tudo são recordações, sim eu sei é triste viver de ilusões, mas este foi o mais lindo caso prático que um dia me aconteceu!
Quid Juris

Caso 86

Era daquelas manhas que podia perfeitamente ser de tarde! Até porque se quisermos ser amigos da verdade, afirmar que uma manhã podia ser uma tarde é uma daquelas expressões, que apesar da exuberante beleza poética, sinceramente não quer dizer nada, pelo que o desgraçado discente que vai ter de resolver o presente caso prático, perde o seu precioso tempo, lendo um lindo texto, repleto de expressões desinteressantes, num longo parágrafo que, sejamos honestos, não serve para absolutamente mais nada do que aumentar a sua ansiedade!
Bentinho e Capitolina cresceram como irmãos, desde a mais pura das idades, partilhando brinquedos e cumplicidades, penicos e fraldas, lágrimas e sorrisos, como dois verdadeiros irmãos, que só não tinha sangue comum, porquanto Bentinho era filho de seu pai e Capitolina de sua mãe, que se casaram depois e tiveram um filho comum, “Venâncio”, “meio irmão” dos nossos dois heróis! Viviam ainda com Martinha, de dezasseis anos, que os pais desejavam adoptar, porquanto era órfã de pais vivos, por desde sempre ter sido abandonada!
Bentinho começou a trabalhar aos 16 anos num call-center onde ganhava um disparate de pouco dinheiro: ainda assim, porque era rapaz poupada, quando Capitu – diminutivo de Capitolina – fez 17 anos, ofereceu-lhe um iphone, um ramo de acácias e uma moto 4, comprada com o dinheiro da herança de sua mãe, falecida desde o dia em que morreu!
Não sei se já referi, mas o meu bom aluno por certo já percebeu, que Bentinho e Capitu, criados como irmãos, amavam-se como homem e mulher, passando fogosas noites de amor casto, nos braços tenros um do outro, pormenor terrivelmente importante na vida deles, mas que me parece irrelevante para o caso prático!
Contrariamente ao facto de Capitu, após ter descoberto sms comprometedoras no telefone de Bentinho, ter trocado o seu amado que afinal não a amava tanto assim, por um novo vicio chamado cocaína, vendendo todos os seus bens para comprar o produto e, quando mais nada tinha de seu, deu em assaltar velhas daquelas muito velhas, para que com o produto do roubo comprasse o produto do seu vício!
O seu fornecedor tinha 13 anos e tinha sido baptizado com o nome de Escobar, um lindo rapaz que usava um piercing na narina! A história de vida de Escobar, faz este que vos escreve verter lágrimas só de pensar: violado por um dos muitos namorados da mãe, vivia com uma tia após a prisão dos pais, ia à escola quase nunca, passando os dias e as noites onde o vento o levava, vivendo dos rendimentos que a venda de droga lhe proporcionava! De seu, tinha uma casa que a avô lhe dera em testamento, mas a sua tia matreira, logo a venderam, para usar o dinheiro para sustentar um jovem rapaz de 20 anos, que ela amava com muito ciúme!

Caso 85

Sentado na cadeira amarela do Gabinete que até janela tem, trabalhando no seu computador particular, porque está algures em parte incerta o computador de serviço, um tipo qualquer pondera no que vai escrever para chatear as criancinhas!
Terá de ser algo sobre família, pessoas que se amam ou não, que casam ou partilham a vida, umas dividas pelo caminho, infidelidades ou “porradaria” doméstica, uns palavrões podiam ser, mas seria impróprio, qualquer coisas sobre bens comprados antes ou depois da vida em comum, quiçá incesto ou paixões entre familiares, uma separação mais para o fim, para chatear as pessoas durante três dias, a punição por não terem colaborado no Banco Alimentar!
Vamos chamar-lhe Popeye, - em homenagem ao excepcional salmão folhado em cama de espinafres que jantei na quarta – e vamos imaginar que é padre e se apaixonada por uma paroquiana, que fogem para um sítio qualquer onde o Sol aqueça os corações e se casam no mesmo dia em que ela completa 17 anos. E vamos imaginar que Popeye e a Bela Adormecida (como se chama a nova esposa), vivem felizes até começarem a ser infelizes! Mas que passado meses ele acha a Bela Adormecida e aborrecida e perde-se de amores pela Barbie, que tem fama de ser sensual! Que se quer divorciar mas que a Bela não quer; porque ele se quer casar com a Barbie no dia a seguir ao divórcio!
E passado uns tempos lá se casam, como planeado um dia depois do divórcio, numa praia das Caraíbas, num daqueles locais em que a água é mais azul que o céu, onde o calor húmido faz os corpos amarem-se e procriar!
Que regressam a Beja sem tratar de nenhuma formalidade do casamento, que vivem felizes até que se tornam infelizes, porque se vivessem felizes para sempre o Direito da Família era desnecessário e eu ficava sem emprego! Vamos pensar que Barbie gosta de fazer strip tease quando ele está ausente e outros homens presentes e, vá se lá saber porquê, ele não acha piada!
Pausa dramática para aumentar o suspense da nossa história: o aluno talvez não saiba, mas o Homem Aranha partilha casa e cama com o Super Homem e que apesar de serem tio e sobrinho, estão tão apaixonados que querem adoptar um menino chamado Pinóquio!
Mas estava a contar que Popeye não achava piada e, por não achar graça, tem crises de consumismo: e comprou um carro para ele, um diamante para a vizinha de cima e uma bimby lá para casa! E mais tarde um par de patins para ela! E arrependido dos erros, procurou a Bela e casou com ela outra vez: porque o Popeye percebeu que mais valia a Adormecida na cama que a Barbie nos bares da vida!
Quid Juris