Deitada nos lençóis velhos e gastos, contemplando um maravilhoso por do sol sobre a baia azul, Maria lia, embevecida, as palavras de Dan Brown: "Nesse tempo não se chamava Silas, embora já não se lembrasse do nome que o pai e a mãe lhe tinham dado. Saíra de casa quando tinha sete anos. O pai alcoólico, um corpulento trabalhador das docas, furioso com a chegada de um filho albino, espancava regularmente a mulher, culpando-a a ela da embaraçadora condição do rapaz. E quando o filho tentava defender a mãe, era igualmente sovado.
Uma noite, houve uma terrível luta, e a mãe não voltou a levantar-se. O rapaz ficou a contemplar o corpo sem vida, sentido uma intolerável vaga de culpa por ter permitido que aquilo acontecesse.
Sou eu o culpado!
Como se uma espécie de demónio lhe controlasse o corpo, foi à cozinha e pegou numa faca grande de talhante. Hipnotizado, dirigiu-se ao quarto onde o pai jazia estendido na cama, mergulhado num estupor alcoólico. Sem dizer uma palavra, o rapaz cravo-lhe a faca nas costas. O pai gritou de dor e tentou voltar-se, mas o filho voltou a esfaqueá-lo, uma e outra vez, até que a casa ficou silenciosa."
Dos olhos castanhos de Maria escorriam gotas salgadas, não causadas pela emoção das linhas, mas pelo reflexo de si mesma, desenhadas nas páginas brancas. Maria é órfã. Os seus pais haviam falecido num acidente de viação, na data do seu primeiro aniversário, por um condutor embriagado.
Por não ter parentes, Maria cresceu e fez-se mulher numa Instituição do Estado.
Apesar de deslumbrantemente bela, os olhos verdes de Maria sempre foram tristes; o seu sorriso tímido e nervoso escondia uma alma triste e sofredora. O seu mais intimo tormento – tornado publico nas angustiantes circunstâncias que vamos relatar em seguida – começara quando a Instituição contratara Ernesto para segurança privado, com a incumbência de cuidar e guardar as internas, impedindo-as de desrespeitar os regulamentos da Instituição.
Rapidamente Maria constatou a fixação patológica de Ernesto, que dos olhares incisivos e indiscretos de volúpia, depressa os tornou em comentários de inconvenientes de gosto duvidoso para começar paulatinamente a tentar alguns contactos físicos.
O epílogo desta triste história ocorreu na noite de Carnaval; contrariamente a todas as suas colegas de quarto, Maria trocou a abominação da noite de Entrudo pelo prazer da leitura; quando as pálpebras já se tinham deixado vencer pelo cansaço, Maria sentiu um vulto a invadir a privacidade da sua cama; em segundos constatou que Ernesto, alcoolizado, segredando-lhe obscenidades, tentava-a violar; ao ver que Maria lhe fugia, invadido por uma raiva canina, não hesitou em agredi-la como uma faca, desfigurando-a de forma irremediável, quer no rosto, quer na alma.
Uma noite, houve uma terrível luta, e a mãe não voltou a levantar-se. O rapaz ficou a contemplar o corpo sem vida, sentido uma intolerável vaga de culpa por ter permitido que aquilo acontecesse.
Sou eu o culpado!
Como se uma espécie de demónio lhe controlasse o corpo, foi à cozinha e pegou numa faca grande de talhante. Hipnotizado, dirigiu-se ao quarto onde o pai jazia estendido na cama, mergulhado num estupor alcoólico. Sem dizer uma palavra, o rapaz cravo-lhe a faca nas costas. O pai gritou de dor e tentou voltar-se, mas o filho voltou a esfaqueá-lo, uma e outra vez, até que a casa ficou silenciosa."
Dos olhos castanhos de Maria escorriam gotas salgadas, não causadas pela emoção das linhas, mas pelo reflexo de si mesma, desenhadas nas páginas brancas. Maria é órfã. Os seus pais haviam falecido num acidente de viação, na data do seu primeiro aniversário, por um condutor embriagado.
Por não ter parentes, Maria cresceu e fez-se mulher numa Instituição do Estado.
Apesar de deslumbrantemente bela, os olhos verdes de Maria sempre foram tristes; o seu sorriso tímido e nervoso escondia uma alma triste e sofredora. O seu mais intimo tormento – tornado publico nas angustiantes circunstâncias que vamos relatar em seguida – começara quando a Instituição contratara Ernesto para segurança privado, com a incumbência de cuidar e guardar as internas, impedindo-as de desrespeitar os regulamentos da Instituição.
Rapidamente Maria constatou a fixação patológica de Ernesto, que dos olhares incisivos e indiscretos de volúpia, depressa os tornou em comentários de inconvenientes de gosto duvidoso para começar paulatinamente a tentar alguns contactos físicos.
O epílogo desta triste história ocorreu na noite de Carnaval; contrariamente a todas as suas colegas de quarto, Maria trocou a abominação da noite de Entrudo pelo prazer da leitura; quando as pálpebras já se tinham deixado vencer pelo cansaço, Maria sentiu um vulto a invadir a privacidade da sua cama; em segundos constatou que Ernesto, alcoolizado, segredando-lhe obscenidades, tentava-a violar; ao ver que Maria lhe fugia, invadido por uma raiva canina, não hesitou em agredi-la como uma faca, desfigurando-a de forma irremediável, quer no rosto, quer na alma.
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