Os aromas da Primavera invadiam o amanhecer; sentado na sua velha cadeira Fernando contemplava o deslumbrante nascer do sol; sob a ampla mesa de madeira podia ver-se pão ainda fumegante, queijo de cabra e ovelha, um presunto do Alentejo, marmelada, doce de morango e um jarro de leite, de verdadeiro leite recém recolhido da vaca Genoveva, que Fernando degustava com prolongado prazer alcançado um autêntico êxtase alimentar.
Detendo-nos nos olhos de Fernando, era impossível ignorar uma lágrima seca de nostalgia: era o seu último amanhecer no velho monte onde nascera, no exacto ano em que Pessoa escreveu que todas as cartas de amor são ridículas pela pena de Álvaro de Campos.
Em silêncio, falava a si próprio, recordando como os fados da vida haviam contribuído para este dia; tudo começara com a sua doença: incapaz de custear as despesas hospitalares, via-se constrangido a celebrar um contrato com Hélder, em que este prometia comprar e Fernando vender o velho monte; no momento da celebração do contrato, através do aperto de mão (entre homens de carácter qualquer outra formalidade é despicienda) Hélder entregara-lhe 25,000 €, a título de sinal.
O negócio definitivo não se realizou de imediato, porquanto, anos antes, Fernando havia celebrado um contrato com Manuel, em que aquele se obrigava para com este a, no caso de decidir alienar o seu monte, conceder-lhe primazia. Apesar de não estar certo dos procedimentos a que estava obrigado, Fernando quis honrar este compromisso.
Uma vez que Fernando precisava de um local para habitar, realizou com António um contrato em que estavam reciprocamente obrigados a comprar e vender um apartamento, pelo valor de 100.000,00 €, sendo, desde logo, entregue a quantia de 20,000,00 €. Para tanto procuraram realizar este contrato cumprido todas as formalidades legais, de molde a obterem a mais ampla protecção legal oferecida por este contrato.
Uns dias antes da data acordada para a celebração do contrato prometido, António recebeu uma proposta de aquisição deste apartamento, pelo valor de 200,000,00 €. Face à proposta, António pretende desvincular-se do acordo com Fernando, mas desconhece as consequências que podem advir do seu acto.
Todo este relato inquietava o nosso protagonista que, naquela manhã primaveril em que se preparava para abandonar o lar onde nascera e se fizera homem, o local em que orgulhosamente vira os seus petizes darem os primeiros passos de uma caminhava que os levou para as grandes cidades, bem longe do carinho paterno, onde netos que mal conhecia, procuravam tornar-se homens numa cidade rodeada de cimento, sem jamais conhecerem o verdadeiro sabor do leite acabado de roubar à vaca Genoveva.
Detendo-nos nos olhos de Fernando, era impossível ignorar uma lágrima seca de nostalgia: era o seu último amanhecer no velho monte onde nascera, no exacto ano em que Pessoa escreveu que todas as cartas de amor são ridículas pela pena de Álvaro de Campos.
Em silêncio, falava a si próprio, recordando como os fados da vida haviam contribuído para este dia; tudo começara com a sua doença: incapaz de custear as despesas hospitalares, via-se constrangido a celebrar um contrato com Hélder, em que este prometia comprar e Fernando vender o velho monte; no momento da celebração do contrato, através do aperto de mão (entre homens de carácter qualquer outra formalidade é despicienda) Hélder entregara-lhe 25,000 €, a título de sinal.
O negócio definitivo não se realizou de imediato, porquanto, anos antes, Fernando havia celebrado um contrato com Manuel, em que aquele se obrigava para com este a, no caso de decidir alienar o seu monte, conceder-lhe primazia. Apesar de não estar certo dos procedimentos a que estava obrigado, Fernando quis honrar este compromisso.
Uma vez que Fernando precisava de um local para habitar, realizou com António um contrato em que estavam reciprocamente obrigados a comprar e vender um apartamento, pelo valor de 100.000,00 €, sendo, desde logo, entregue a quantia de 20,000,00 €. Para tanto procuraram realizar este contrato cumprido todas as formalidades legais, de molde a obterem a mais ampla protecção legal oferecida por este contrato.
Uns dias antes da data acordada para a celebração do contrato prometido, António recebeu uma proposta de aquisição deste apartamento, pelo valor de 200,000,00 €. Face à proposta, António pretende desvincular-se do acordo com Fernando, mas desconhece as consequências que podem advir do seu acto.
Todo este relato inquietava o nosso protagonista que, naquela manhã primaveril em que se preparava para abandonar o lar onde nascera e se fizera homem, o local em que orgulhosamente vira os seus petizes darem os primeiros passos de uma caminhava que os levou para as grandes cidades, bem longe do carinho paterno, onde netos que mal conhecia, procuravam tornar-se homens numa cidade rodeada de cimento, sem jamais conhecerem o verdadeiro sabor do leite acabado de roubar à vaca Genoveva.
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